Fanfics Brasil - 30 - Equinócio de Primavera II A Espada do Destino

Fanfic: A Espada do Destino | Tema: The Witcher


Capítulo: 30 - Equinócio de Primavera II

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 Mergulhei em teu olhar, me afoguei em teus braços.


Desejos incontroláveis de que não quero me salvar, vontade absurda em querer te tocar.


Suave som de voz que hipnotiza e acalma, me perco sem medo em teus beijos que fascinam.


Zona de conforto, tuas caras e bocas é tudo o que vejo, tudo que quero e desejo.


Necessitar ter o teu corpo junto ao meu, a tua alma junto a minha.


Fortemente fraco, nunca fugirei dos doces prazeres de seu ser, que de sonhos transbordaram a realidade que chama, que move, que incendeia e arrepia.


Minutos contados, seguro, não largo, tentando olhar além, te vivo e revivo como se não houvesse um fim em toda essa paixão.


“Perdição incontrolável – Jaskier, o trovador”


 


Ellinfirwen seguiu Doretarf seja lá para onde estivesse indo e ainda que não fosse o momento ideal para sair sem ser notada depois de toda a confusão entre ele e Neldor, seria sua única chance de lhe falar a sós já que as coisas não ocorreram como esperava. O koviriano caminhou a passos firmes segurando a coroa de flores em uma das mãos, ainda que quase desmantelada pelos golpes do meio-elfo. A lua minguante iluminava plenamente estas terras, não havendo necessidade de tocha. Seguiu na direção oposta ao pátio central, desviou de alguns pedregulhos, atravessou uma passagem estreita de pedras até chegar a uma pequena clareira na encosta oposta a morada dos elfos que proporcionava uma ampla visão do vale. Deitou-se sobre o gramado verde ouvindo ao longe a música ecoar pelas montanhas, contemplou o céu estrelado com as mãos a apoiarem sua cabeça, o adorno de flores repousando sobre o peito. Tateou o rosto dolorido com certa frustração, tanto por conta do rival ter arruinado sua última noite ao lado de sua amada como consigo mesmo por não ter se contido para não desrespeitar seus anfitriões. Retirou uma violeta do arranjo e pôs-se a admirá-la.


— Deuses, Doretarf. O que foi aquilo? — questionou Ellin aproximando-se sem qualquer cerimônia. — Acharam que poderiam se engalfinhar como dois animais irracionais como se eu fosse um prêmio a ser disputado?


O príncipe levantou o tronco em um rompante surpreso com a presença da Aen Seidhe. A aproximação dela passou-lhe desapercebido não somente por ser uma Scoia`tael e ter uma habilidade naturalmente furtiva, mas também por estar completamente absorto em seus pensamentos. Com o susto, deixou a coroa de flores cair juntamente com a violeta que segurava. Mas logo aprumou-se, segurando o enfeite sobre o colo. Olhou em direção dela, que já sentava-se ao seu lado sem esperar por um convite, ao mesmo tempo que retirou da cabeça a própria coroa de flores e a deixou sobre o gramado.


— Perdoe-me novamente, Ellin — pediu ele fitando-a de esguelha, pois não teve coragem de encará-la em um primeiro momento devido ao escândalo que ajudou a causar. — Não queria que a situação chegasse aquele ponto, mas ele realmente sabe como me atingir — fez uma pausa, finalmente direcionando-se a ela. — Sinto muito ter estragado o festival.


Ela fitou-o seriamente por um milésimo de minuto e deixou um longo suspiro escapar dos lábios.


— Precisaria muito mais do que dois sujeitos querendo se matar para estragar o festival, então pode ficar despreocupado quanto a isso. Amanhã o povo nem se lembrará ao certo o que se passou devido à ressaca. E digamos que perdeu um pouco a graça quando paramos de dançar ao redor da fogueira — declarou de forma apaziguadora, elevando levemente a extremidade dos lábios, fazendo-o devolver-lhe o sorriso. — Deixe-me ver seu rosto — ela analisou-o brevemente. — Parece que amanhecerá com um belo inchaço aqui — constatou, beijando-lhe delicadamente a maçã do rosto próximo ao hematoma ao lembrar-se do que ele mesmo lhe dissera tempos atrás de que um beijo curava qualquer ferida, embora o sentido fosse figurado. — Realmente partirá amanhã? — tentou em vão reprimir a súbita melancolia que brotou no semblante, não passando desapercebido pelo moreno, que por mais que necessitasse seguir seu caminho, não desejava partir dali.


— Gostaria de poder ficar mais, no entanto, é preciso...


— Precisa retomar seu lar, eu entendo perfeitamente.


— A propósito, obrigado pela coroa. Imagino que Elden tenha-lhe transmitido meu agradecimento, mas ainda assim é sempre bom agradecer pessoalmente. E desculpe-me por tê-la praticamente destruído...


— Ah, isso... — ela enrubesceu levemente por conta da situação vergonhosa que o irmão mais novo a fizera passar no festival, e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, desviando brevemente o olhar. — Não foi nada, na verdade, ajudei na confecção de muitas das coroas e colares... Fico feliz que gostou. E não se preocupe, é apenas uma coroa de flores nada mais, não poderia durar eternamente.


— Me trouxe boas lembranças... — não conseguiu conter um longo suspiro de lhe escapar. — Violetas eram as flores preferidas de minha mãe... — revelou com uma breve tristeza a percorrer-lhe o semblante, mas logo a dissipou com um débil sorriso.


— Então creio que li seus pensamentos... — declarou Ellinfirwen, lembrando-se que o príncipe em seu estado mais angustiado dias atrás pegou uma violeta para admirar, supondo então que devia ser importante para ele. Fez uma pausa em seguida. — Camélias eram as preferidas da minha... — mencionou demonstrando compreender a angústia em seu olhar por experiência própria.


Então Doretarf finalmente compreendeu a razão das flores preferidas dela serem camélias.


— Ellin... — sibilou ele quase em um sussurro.


— Sim? — uma mistura de ansiedade e nervosismo a dominava enquanto tentava criar coragem para confessar-se a ele.


— Achas que sou apenas uma curiosidade passageira? — perguntou ainda um tanto afetado pelas palavras do rival.


A princesa fitou-o surpresa.


— O quê? É claro que não — negou ela imaginando quais foram as duras palavras de Neldor para Doretarf. — Nunca o vi desta forma, ao contrário... — murmurou tentando arduamente não deixar os sentimentos a flor da pele a consumirem. Não conseguiu deixar de fitar aqueles belos olhos azuis que a magnetizavam inexplicavelmente, fazendo-a perder-se em seus próprios devaneios, e o mesmo ocorria com Doretarf hipnotizado pelas belas orbes esmeraldas dela. — Jamais senti por outro o que sinto por você. Esse sentimento indescritível que nem sequer consigo mensurar... Foi isto o que tentei lhe dizer aquele dia em seus aposentos... — o koviriano apaziguou seu coração ao ouvir tal declaração de sua amada, retirando toda e qualquer dúvida de seu ser. Ellinfirwen suspirou longamente antes de prosseguir. — Eu menti para você no dia da revolta de Azyeel... — enrubesceu desviando o olhar brevemente, ele por sua vez apenas aguardava em silêncio sua conclusão. — Não queria admitir a mim mesma, mas você tinha razão quando afirmou haver uma conexão inexplicável que nos une desde o momento em que de fato nos conhecemos naquela tenda... — ela sentiu que seu coração iria explodir de tão acelerados que seus batimentos estavam.


Doretarf não pôde conter o extremo sorriso de satisfação com a confissão, ainda que um tanto embaraçada, era tudo o que queria e necessitava ouvir mesmo que palavras não se fizessem necessárias, pois as belas irises esmeraldinas da Aen Seidhe já haviam lhe dito tudo. Antes que a mesma pudesse prosseguir, ele repousou gentilmente os dedos sobre os lábios dela, interrompendo-a.


— Não precisa dizer mais nada.


Reivindicar aqueles tenros lábios róseos dela era tudo o que mais queria naquele momento. Então aproximou-se mais quebrando qualquer distância que ainda separava seus rostos, estendeu a mão e lentamente deslizou em torno da cintura da princesa. A outra segurou-lhe o queixo, traçou o arco da maçã do rosto com o polegar, o toque era caloroso e cuidadoso. Percebeu que a elfa estremeceu fazendo-o sorrir novamente, então roçou os lábios nos dela selando-os em seguida. Abraçou-a com um pouco de força, forçando seus músculos contra os seios da elfa, colando-se. O koviriano suspirou de prazer e aprofundou o beijo. Sussurrou desejosamente o nome dela ao ouvido da mesma, enquanto recuperava-se do entrelaçar ardente de suas línguas. Exibia um sorriso convencido, a Aen Seidhe por sua vez encarou-o com ironia.


— Não fique se gabando, deve melhorar seu beijo — repreendeu ela arqueando a sobrancelha, colocou os braços em volta do pescoço do príncipe. Apenas queria provocá-lo por ser tão convencido, mas estava verdadeiramente inebriada com o gosto da boca dele e ansiava por mais.


— Então... — Doretarf iniciou uma trilha de beijos no pescoço dela até chegar à orelha à medida que mantinha o sorriso intacto. — Devo praticar mais...


Um novo arrepio de êxtase percorreu o corpo da elfa, que se permitiu soltar uma risadinha. Embrenhou os dedos firmemente nas madeixas morenas dele, implorando em seu íntimo para a beijar novamente. O koviriano continuou seu caminho indo lentamente da orelha até a bochecha. A elfa estava entorpecida com as carícias, deixando escapar um suspiro de prazer. Doretarf sorriu vitorioso, abraçou-a firmemente e sussurrou:


— Posso praticar meus beijos em seus deliciosos lábios?


— Sim... — sibilou a princesa desejosamente.


Ele tornou a beijá-la, desta vez com ousadia, apertando-a contra si. Então afastou-se para retomarem o fôlego que lhes fora roubado. Correu o polegar pelo lábio inferior da mesma, mantendo o outro braço em torno da cintura e colocou uma mecha solta dos cabelos aloirados atrás de sua orelha.


— Creio que estou sendo punida pelos deuses — constatou repousando as mãos sobre o peitoral dele.


— Por quê?


— Porque prometi para mim mesma que nunca me envolveria com humanos de nenhuma forma.


— Fico feliz que tenha mudado de opinião — declarou ele afagando o rosto de Ellinfirwen. — Se quiseres, posso continuar punindo-a — arqueou uma sobrancelha e sorriu maliciosamente.


A princesa inclinou-se e voltou a reivindicar a boca dele intensamente, deitaram-se sobre o gramado aninhados aos braços um do outro, com Ellin sobre o peitoral do moreno acariciando-o por cima do gibão enquanto sua perna enroscava-se com a dele. Doretarf por sua vez emaranhava seus dedos nas sedosas madeixas aloiradas, puxando cada vez mais a nuca dela para si em um beijo intenso a medida que sua outra mão percorria com leves apertos a extensão da costela da mesma por cima do vestido.


Era totalmente inexplicável aquela atração que ambos haviam um pelo outro em tão pouco tempo, pois sentiam como se tivessem compartilhado uma vida inteira juntos. Suas línguas, hora batalhavam por espaço nas bocas, hora pareciam dançar uma harmoniosa melodia em seus entrelaçares. Separaram os rostos pela milésima vez para recuperarem o fôlego, porém ainda próximos o suficiente para manterem seus narizes roçando mutualmente.


— Gostaria muito que sua decisão tivesse sido há semanas atrás — murmurou o príncipe ainda extasiado com os beijos e carícias.


A Aen Seidhe sorriu com certa ironia pela extremidade dos lábios.


— Sua presunção me aborrecia profundamente, talvez tenha sido isso que causou um atraso em minhas concepções — rebateu-o roubando-lhe um selinho.


Ele gargalhou gostosamente.


— Não era presunção, apenas a verdade que você não queria admitir — rebateu-a beijando-lhe no dorso da mão.


Ellinfirwen bufou revirando os olhos.


— Talvez tenha alguma razão.


Fizeram um minuto de silêncio, observando as estrelas e a lua em sua plenitude.


— Estou completamente apaixonado por você, Ellin — admitiu sinceramente quebrando o silêncio.


— Eu sei, porque também estou — descansou a cabeça sobre o peitoral dele. Apesar de saber que garantidamente o destino não permitiria que ficassem juntos, ainda assim, dispersou tais pensamentos de sua mente momentaneamente, pois tudo o que almejava era aproveitar a companhia de Doretarf no pouco tempo que pudessem compartilhar. — Deveres... — sibilou afagando as madeixas de seu amado. — Sei como é este sentimento de muitas vezes não poder ter o controle de sua própria vida. Por sorte, para esta questão meu pai foi capaz de compreender que eu me recuso a casar-me simplesmente por uma mera obrigação de manter a linhagem de meu sangue. Ele costuma dizer-me que na maioria das vezes precisamos sacrificar o amor em detrimento do dever, mas há vezes em que devemos sacrificar o dever em detrimento do amor. E foi isso o que fiz... — concluiu ela acarinhando delicadamente a maçã do rosto dele.


— Sei que pode ter sido uma dura decisão escolher seu coração ao invés da razão e que poderá trazer consequências futuras para você, mas eu estaria sendo hipócrita se dissesse que não desejava isto. Deveres que afetem diretamente nossos sentimentos e vidas pessoais são um verdadeiro estorvo. Porém, infelizmente nossa vida não pertence somente a nós e praticamente tudo o que fazemos deve ser pelo bem de nosso povo, por mais que não seja o melhor para nós mesmos... — declarou o koviriano devolvendo a carícia. — No entanto, eu já havia sido preparado desde muito cedo para conformar-me que teria de casar-me com alguém escolhido a dedo por meu pai. Mas tenho que agradecer imensamente ao destino por tê-la colocado em minha vida.


— Só estava conformado porque a skelligana seria um bom partido, mas, duvido que seu discurso seria o mesmo caso lhe fosse arranjado uma velha corpulenta para casar-se.


Doretarf não conseguiu segurar o riso.


— Tens razão. Mas se me fosse arranjado um casamento com uma beldade de cabelos loiros e olhos verdes como as águas da Baía de Prakseda, certamente não hesitaria.


Desta vez foi ela quem não conseguiu conter um riso, mas de total satisfação com o elogio.


— Sinto decepcioná-lo, mas não pretendo casar-me tão cedo — provocou ela sorrindo com ironia. Mas logo seu semblante tornou-se sério e um tanto melancólico ao lembrar-se novamente da profecia que não a permitiria que tivesse um futuro ao lado de alguém. — Nem sei se terei a chance de casar-me algum dia... — acabou pensando alto.


Obviamente o príncipe notou a mudança brusca nas feições da elfa e preocupou-se pela última frase que ouvira.


— É claro que vai — assegurou ele com convicção. — Assim que eu conseguir retomar meu reino, voltarei para buscá-la.


— Irá me sequestrar e levar-me para Kovir? — questionou ela descontraidamente.


— Se for preciso, não tenha dúvidas de que o farei — respondeu com o mesmo tom, mas com veracidade por trás de tais palavras.


Por um instante um sorriso puro brotou nos lábios dela ao imaginar como a vida seria ao lado do amado se sua profecia não se cumprisse, mas logo desfez ao voltar para sua cruel realidade.


— E se eu não tiver o tempo que necessita para esperá-lo?


— Por que diz isso? — indagou ele intrigado, pegando gentilmente o queixo dela e erguendo-o para poder fitá-la nos olhos.


Ao se dar conta que havia dito mais do que deveria, o semblante da loira ficou ainda mais sério.


— Vivemos em incessantes guerras, Doretarf. Os não-humanos estão sendo cada vez mais massacrados, o fato de eu estar isolada nestas montanhas não significa que estou segura. Você viu o que aconteceu em Loc Muinne, vivemos lá pacificamente a medida do possível por inúmeras décadas, mas a morte sempre chega de forma inesperada e cruel para nós. Sabe que os não-humanos, principalmente os elfos, não tem um minuto de paz sequer em suas vidas... — concluiu ela com uma explicação convincente para desviar as suspeitas do koviriano sobre qualquer outro motivo.


— Não diga isto... É uma guerreira extraordinária, certamente sobreviveu a incontáveis coisas até aqui. Tenho plena ciência que ninguém está livre de nada, mas sei que você estará aqui quando eu voltar para buscá-la.


Ellinfirwen realmente queria acreditar nas palavras de Doretarf, queria prometer-lhe tendo a certeza de que o esperaria o tempo que fosse necessário, mas infelizmente isto era algo que estava além de seu próprio controle. Seu destino estava nas mãos de uma profecia que apenas garantia sua morte inevitável de forma não natural em algum momento, podendo ser muito em breve.


— Tens razão, deixe isso para lá. São somente besteiras da minha cabeça — concluiu ela tomando os lábios do moreno para si sem demora para que não tivesse como insistir no assunto.


O koviriano ficara intrigado com tal declaração da princesa, não era tolo, sabia que provavelmente estava tentando esconder-lhe algo, principalmente depois de Filavandrel ter-lhe revelado uma informação enigmática no dia de seu aniversário. Mas não insistiria em tentar descobrir, primeiramente porque não lhe desrespeitava naquele momento e em segundo lugar porque os lábios da elfa o tiravam de seu centro, impedindo-o de ter qualquer pensamento racional. Não eram simples trocas de beijos ou carícias, havia um imensurável desejo e paixão envolvidos e ambos podiam sentir isso em cada toque que compartilhavam. O príncipe passou a pressionar cada vez mais o corpo de Ellin contra o seu, colando-se completamente como se fossem um só. Com a mão que antes acarinhava os cabelos loiros da princesa, agora apalpava com gosto as nádegas sobre o vestido, constatando com satisfação a maciez daquela parte do corpo dela, o que a fez sorrir maliciosamente entre os beijos.


Ele estava arduamente segurando-se para não ir mais além dos afagos, embora ansiasse fervorosamente saber qual seria o sabor do corpo alvo de sua amada que o estava enlouquecendo literalmente. Prova disso era sua virilidade que já lhe incomodava a um bom tempo dentro da calça desde que começaram aquelas trocas de carícias, mas não iria desonrá-la mais do que já havia feito com os problemas que as fofocas infundadas lhes trouxeram, nem a hospitalidade do rei dos elfos caso o mesmo descobrisse que a filha realmente se entregara a ele e muito menos dar uma gravidez indesejada a Ellinfirwen. Mas só os deuses sabiam o quanto estava sendo torturante para ele conter-se.


Por sua vez a loira sentia suas partes íntimas queimarem em anseio, porém estava de certa forma um tanto quanto receosa em entregar-se para ele, por mais que havia um fervoroso desejo dentro de si pelo moreno que a instigava. E mesmo que o príncipe não estivesse mais comprometido, ainda assim temia que seu pai pudesse julgá-la novamente por isso. Por mais que Filavandrel desejasse a paz entre os humanos e as raças ancestrais, não saberia determinar qual seria a reação de seu pai caso acabasse engravidando de Doretarf, principalmente depois de toda a tribulação gerada.


Ele roçou sua barba recém-aparada afavelmente na extensão da maçã do rosto da elfa, sussurrando desejosamente o nome dela ao pé de seu ouvido antes de cruzarem olhares novamente. A princesa notou que o moreno contemplava as runas élficas tatuadas em seu rosto quando o mesmo contornou cuidadosamente com o polegar o desenho em seu queixo.


— Quer saber o que significam? — indagou ela sorrindo singelamente.


— Imagino que se trate de algo relacionado com a cultura de seu povo, mas confesso que fiquei curioso, só não quis ser inconveniente.


A loira soltou um risinho.


— Não é inconveniência nenhuma. Esses símbolos são uma espécie de profecia. Nasci durante o eclipse da lua de sangue. Segundo a crença de meu povo, a profecia diz que crianças nascidas durante este eclipse tendem a trazer prosperidade para seu povo.


— Como um amuleto da sorte ou uma espécie de salvadora?


— Sim e não. Assim como a maioria das profecias, nada está devidamente claro, deixando sujeito a interpretações. Mas não acredito nessas baboseiras de profecias e previsões. Porém, não tive muita escolha quanto a isso, já que fui marcada em meu nascimento devido a esta crença tola.


— Mesmo que você não acredite, ainda assim acho interessante e peculiar. E posso garantir com toda certeza que a sua própria maneira você trouxe prosperidade para mim.


Ellinfirwen enrubesceu-se levemente com o elogio e sorriu, pegou a mão do homem calmamente e colocou os dedos dele sobre o desenho em sua testa.


— Este aqui significa...


— Breith (Nascimento) — completou ele, o que fez com que a elfa se surpreendesse.


— Então sabe a língua ancestral...


— O suficiente para um entendimento razoável. Minha mãe sempre ensinou-me sobre a importância das raças ancestrais para o Continente, o que despertou em mim um grande interesse em aprender a língua antiga.


— Então sua mãe era uma mulher muito sábia. É bom saber que ainda existem alguns entre muitos que não desprezam as raças ancestrais.


Doretarf sorriu-lhe.


— Acredite, nem todos odeiam os não-humanos.


Ela elevou o canto dos lábios novamente.


— Agora tenho certeza que não — declarou convicta. — Então sabe o que as demais runas significam — constatou.


— Essa aqui éstráede (caminho) — afirmou deslizando suavemente o polegar pelo desenho abaixo do olho esquerdo da princesa. — Essa aqui, amddiffyniad (proteção) — disse a respeito do olho direito. — E essa aqui significa cáerme (destino) — desceu o polegar até o queixo puxando-a para mais perto, acabando com qualquer espaço restante entre seus rostos. Tomou os lábios róseos dela para si novamente em um beijo sereno, sem qualquer afoiteza.


Trocaram carícias por horas sem perceberem, pois, naquele momento nada mais existia, apenas ambos sob a luz da lua e das estrelas como testemunhas de sua paixão arrebatadora.


 


(...)


 


Contemplavam em silêncio o céu estrelado aninhados aos braços um do outro, embalados pelas melodias animadas do festival.


— Suponho que provavelmente não queira falar sobre este assunto agora, mas confesso que fiquei curiosa. Realmente não se lembra de nada? — questionou ela intrigada, quebrando o silêncio, elevando a cabeça para fitá-lo.


— Está tudo bem, não me importo em falar sobre, mas infelizmente não. Por mais que force minha mente para isso, só há um grande vazio.


— Até onde recorda-se antes de despertar do feitiço que fora acometido?


— A última lembrança que tenho é de ter ido até Tretogor, na Redania solicitar uma audiência com Radowid V na tentativa de obter reforços para retomar o trono usurpado de meu pai por quem ele mais confiava, seu conselheiro, após o mesmo tê-lo assassinado friamente. Fui forçado a fugir de meu próprio reino para não ser assassinado também, mas antes disto o regicida de meu pai conseguiu amaldiçoar-me e para concluir todo seu ardiloso estratagema, forjou minha morte.


— Infelizmente existem seres neste mundo tão ardilosos e inescrupulosos que não se importam em quantas vidas destruirão em seu caminho em busca de suas ambições... E que tipo de maldição? Se posso perguntar... — indagou ela curiosa.


— Até pisar meus pés em Rinde nem fazia ideia do que o desgraçado havia feito. Só me dei conta quando senti uma sensação agoniante dentro de meu ser, meu corpo contorcer-se, meus ossos se partirem ao meio, me transformando em um licantropo.


Ellinfirwen o encarava seriamente ouvindo seu relato, com seu semblante passando para surpreso ao ouvir a última palavra.


— Imagino o quão horrível isso possa ter sido... — murmurou ela em tom de preocupação.


— Foi a pior sensação que já senti em toda minha vida... Prefiro nem lembrar-me deste ocorrido...


— Sinto muito por seu pai e por tudo que lhe aconteceu — lamentou a elfa acariciando-lhe o rosto ternamente. — És um homem bom, gentil, doce e cavalheiro, embora um tanto quanto convencido, mas um homem bom — sorriu pelo canto dos lábios. — Tenho certeza que será um excelente rei para seu povo quando retomar seu lugar.


Doretarf sorriu em satisfação com a declaração e roubou-lhe um beijo casto.


— Para minha sorte pude contar com ajuda de Siana de Narok para quebrar esta terrível maldição.


A Aen Seidhe franziu o cenho empertigada só de ouvir o nome da bruxa e logo o moreno se deu conta que acabou falando o que não devia, esquecendo-se de não mencionar o nome de Falka na presença de Ellin novamente.


— É irônico que esta bruxa tenha salvo um homem amaldiçoado, mas teve a frieza de levantar sua espada para uma criança indefesa.


— Refere-se a Elden? — ela meneou a cabeça em sinal de afirmativa. — Bem, na verdade, seu irmão disse-me que ela... — o príncipe fora interrompido antes de concluir sua fala pelos dedos dela em seus lábios.


— Não estou nem um pouco disposta a falar sobre aquela bruxa — concluiu fazendo beiço, emburrada.


— Tens razão, desculpe-me ter tocado em tal assunto. Agora tudo o que desejo é aproveitar ao máximo esta bela noite na companhia de minha linda e determinada princesa das Montanhas Azuis que deixou-me uma tremenda cicatriz de presente em nossa contenda — declarou de forma descontraída.


Ela fitou-o surpresa por um momento. Pois, se não lembrava-se de absolutamente nada antes de ser liberto do feitiço, como poderia saber que se enfrentaram em uma luta?


— Como sabe que fui eu?


— Digamos que vosso pai fez questão em me detalhar a origem de cada ferimento e hematoma em meu corpo e Elden em enfatizar que a irmã dele deu-me uma bela surra.


A princesa esboçou um sorriso meio encabulada, com a consciência de certa forma pesando-lhe por tê-lo ferido, embora faria o que fosse preciso para proteger o irmão.


— Sinto muito por isso, mas não podia deixar que capturasse Elden.


— Não se preocupe quanto a isto, eu não faria diferente se estivesse em seu lugar — apaziguou ele sorrindo e depositando um selinho nos lábios da elfa enquanto acariciava-a calmamente nas costas com suas testas recostadas. — Mas de certa maneira vosso irmão me ajudou a capturá-la. — gabou-se.


Ellinfirwen elevou a sobrancelha com um sorriso sarcástico.


— Muito pelo contrário, meu caro Doretarf, fui eu quem o capturou e sabes bem disso — sentenciou ela percorrendo o peitoral robusto do moreno por cima do gibão, subindo com os dedos até chegar em seu rosto, afagando-o ternamente por alguns segundos antes de retribuir o selinho.


— Perfeitamente claro. Se eu sempre fosse capturado por lindas elfas, com certeza não reclamaria — disse com o sorriso intacto.


A princesa dos elfos decidiu deixar uma trilha com seus beijos aquecedores pelo pescoço do príncipe, passando pela maçã do rosto até chegar em seus brandos lábios, tomando-os para si fervorosamente. Fez com que o mesmo estremecesse com o toque inebriante de sua boca a cada toque, o que só o excitava ainda mais almejando ardentemente tê-la completamente para si, porém por mais que este desejo queimasse em seu interior e em partes que ele preferiria não verificar como estavam naquele momento, precisava conter-se a todo custo para não acabar se excedendo. Para sua sorte sua amada estava com o corpo deitado ao lado e não completamente sobre o seu, caso contrário certamente ela perceberia o quanto sua intimidade estava sedenta de desejo em possuí-la ali mesmo naquele gramado diante da lua e das estrelas.


— Gostaria que não partisse, mas tem seu próprio caminho a trilhar — revelou a Aen Seidhe ainda um pouco ofegante. — Então pedirei aos deuses que lhe protejam e o guiem em sua jornada por justiça para eu poder revê-lo em breve.


— E eu pedirei que a protejam e que me permitam tê-la novamente em meus braços quanto antes — declarou Doretarf alcançando a coroa de flores de Ellin, retirou uma camélia branca e depositou calmamente sobre a orelha da mesma, que surpreendeu-se com a escolha da flor feita por ele.


— Como sabe que são minhas preferidas? — indagou curiosa.


Doretarf sorriu matreiro pela extremidade dos lábios.


— Digamos que tenho minha fonte oficial de informações.


Ela não conseguiu conter o sorriso de ironia de surgir em seus lábios já supondo quem seria a tal fonte de informações a seu respeito. Elden... Aquele arteiro me pagará por mais esta, e tenho que agradecer-lhe depois — pensou consigo mesma.


Voltaram a beijar-se e trocarem afagos calorosos.


Era incrível como a elfa conseguia tão naturalmente lhe tirar toda a tensão dos ombros e trazer-lhe uma sensação de paz e felicidade mesmo após tudo o que sofrera. Ainda lembrava-se perfeitamente em sua época de “solteiro” como costumava ter sua rotina de escapadas de seu castelo para aventurar-se pelas noites como um mero camponês embebedando-se nas tavernas do reino com seu velho amigo Gimbli e depois sempre acordar em uma cama de bordel ao lado de uma bela mulher aquecendo seu corpo. Tinha plena ciência que teria de constituir família algum dia para dar continuidade ao legado de seu sangue e reinado, mas nunca havia parado para pensar seriamente sobre isso, pois desde criança já estava imposto com quem deveria se casar, não tendo qualquer chance de escolha sobre o próprio futuro. Quando o primeiro arranjo de compromisso fora rompido no auge de seus vinte e um anos, Gedovius não perdeu tempo em arranjar-lhe outro com Cerys an Craite.


E agora quando parou para refletir sobre este assunto, somente a imagem de Ellinfirwen vinha em sua mente. Se seu pai estivesse vivo, jamais aprovaria tal decisão de sua parte, preferiria deserdar o único filho do que vê-lo casado com uma não-humana. Apesar de que Doretarf nunca em seus vinte e cinco anos de vida pensaria em apaixonar-se por um ser de raça ancestral, já que até o momento só tinha conhecimento de suas existências teoricamente. E como o destino virou sua vida ao avesso em um piscar de olhos, aqui estava ele em meio a elfos, trocando carícias e beijos ardentes com uma princesa não-humana e caindo em si que está incalculavelmente apaixonado a tal ponto que já não conseguia não visualizá-la ao seu lado em seu futuro. Um ser que Gedovius assim como a maioria dos nortenhos tanto desprezavam e que obviamente ele por via de regra também deveria, mas graças aos ensinamentos de sua amada mãe não tornou-se um reflexo do pai, definitivamente não era e nem desejava ser por mais que o respeitasse.


Desde que se viu abandonado a própria sorte após ter sido banido de seu reino, só pôde constatar que não havia motivos para tanto ódio pelos não-humanos, muito pelo contrário, mereciam o devido lugar e respeito como qualquer outro ser no Continente. Afinal, se não fossem os elfos terem-no resgatado e cuidado de seus ferimentos ao invés de simplesmente executá-lo como inimigo assim como qualquer outro faria, nem sequer teria a oportunidade de poder comprovar com seus próprios olhos o quão isso era verdade e muito menos teria a chance de saber que poderia ser arrebatado por uma paixão tão pura e genuína como nunca fora antes. Se pudesse, desejaria nunca sair dos braços de sua amada para ter de encarar a dura realidade, no entanto, sabia muito bem que não poderia fugir de seus deveres para sempre. No dia seguinte seria obrigado a deixar aquele corpo alvo que o aquecia, aqueles lábios rosados que acariciavam os seus, aquela bela mulher que o fazia sentir-se tão bem e vivo apesar de tudo o que passara até ali. Então trataria de aproveitar cada segundo ao lado dela pelo tempo que ainda lhe restava ali.


Ellinfirwen perguntava-se em seu íntimo se Doretarf tinha razão quando disse tê-la capturado. Haveria alguma chance dele ser um mago e pudesse tê-la enfeitiçado de tal forma a entregar-se a seus encantos? Estava completamente perdida dentro daquelas orbes azuis que mais pareciam um céu límpido de verão. Só havia uma explicação, ela realmente estava sendo punida pelos deuses que fizeram-na apaixonar-se por um ser que ela jurou combater. Por quê? Por que justamente um humano? Já se envolveu no passado com alguns poucos de sua espécie, mas jamais tivera uma sensação desta forma antes, desarmada e com todas suas barreiras sendo derrubadas em um piscar de olhos como Doretarf fizera tão facilmente. Nunca se sentira tão bem e a vontade entre humanos quanto agora nos braços dele.


— Talvez seja melhor que retorne ao festival, caso contrário certamente virão atrás de você quando não a encontrarem em parte alguma. — aconselhou o koviriano mesmo relutante de deixá-la ir.


— Refere-se a Neldor?


— Não somente a ele.


— Não se preocupe, depois de tudo o que ocorreu, Neldor não ousaria vir atrás de mim. E quanto aos demais, certamente estão deveras embriagados e entretidos com os festejos — ela fez uma breve pausa admirando-o. — Se esta será nossa última noite juntos, quero permanecer em seus braços até o amanhecer


— E não está preocupada de que possam flagrar-nos juntos?


— Não — respondeu-o com convicção. — Deixem que vejam, eu não me importo mais. Apenas quero estar com você sem ter que me esconder ou fingir...


— Ah, minha Ellin... — Doretarf acariciou-lhe gentilmente a maçã do rosto. — Não faz ideia como queria que esta noite durasse eternamente.


— Então vamos fazer com que dure...


Voltaram a beijar-se apaixonadamente até por fim adormecerem com seus corpos aninhados quando faltavam apenas algumas poucas horas para o amanhecer.
 


(...)


 


Ele relutantemente acordou com os primeiros raios de sol atingindo-lhe o rosto levemente. Necessitava seguir viagem para o sul, não se orgulhava de sua decisão, mas os reinos do Norte não eram mais confiáveis. Precisaria reunir-se com o inimigo para ter alguma chance de aliança e este era um risco que pretendia correr para retomar seu trono. Sorriu ao fitar sua amada elfa ainda adormecida em seus braços tão bela e serena, trazendo-lhe verdadeira paz de espírito. Recordou-se instantaneamente da noite anterior, os beijos apaixonantes, as carícias, tudo ficaria guardado em seu coração até poder revê-la novamente e que lhe partia o coração por precisar deixá-la. Não estava preparado para despedir-se, mas o dever o obrigava, era algo que não poderia evitar se pretendia retornar para buscá-la para ficarem juntos finalmente, pois somente assim poderia oferecer-lhe a vida digna que merecia.


Desvencilhou-se dela cuidadosamente para que não a acordasse e sentou-se no gramado admirando reflexivamente o raiar do novo dia com a bela vista que o horizonte lhe proporcionava, a medida que espreguiçava-se. Ellinfirwen então remexeu-se ao sentir o calor dos filetes de sol em sua tez alva e despertou ao não sentir mais os braços que a envolviam outrora.


— Bom dia — disse ela com a voz rouca sentando-se ao lado dele enquanto esfregava os olhos.


Doretarf sorriu-lhe singelamente e deu-lhe um longo selinho, pegando-a gentilmente pelo queixo.


— Bom dia...


— Pretendia ir embora sem despedir-se? — indagou-o com certa melancolia nítida no olhar pela partida de seu amado.


— Não, é claro que não. Seria incapaz — declarou o koviriano com a tristeza estampada em seu semblante igualmente. — Porém, também não queria ver isto... Sua tristeza... Não combina com seus belos olhos — acariciou-a na maçã do rosto.


A princesa repousou a cabeça sobre a curvatura do pescoço dele, que abraçou-a ternamente e apreciaram juntos aquele esplendoroso amanhecer que surgia no vale, esquecendo-se por um instante que o destino os separaria.


— Não esperarei para lhe sequestrar quando retornar, acho que farei isto agora — alegou o príncipe de maneira descontraída, fazendo sua amada sorrir matreira.


— Não haveria nenhuma resistência de minha parte se este fosse o caso — assegurou ela com um fundo de verdade em suas palavras, mesmo sabendo que isto de fato não aconteceria, pois, por mais que quisesse estar ao lado de Doretarf não poderia abandonar sua família e povo para trás sem mais nem menos em tempos tão difíceis como os que viviam atualmente.


Reivindicaram suas bocas necessitadamente como se fosse o último beijo de suas vidas, pressionando seus corpos de tal forma que conseguiam sentir os batimentos do coração um do outro. Por fim retornaram a dura realidade, rumando de volta para as moradas de mãos dadas. Aquela hora da manhã não havia ninguém circulando exceto as patrulhas nas torres de vigília devido ao festival da noite passada, ainda que houvesse algum participante do festejo estaria provavelmente caído de bêbado em algum lugar, o que não seria um problema, pois ambos tomaram um caminho que passava um pouco distante do pátio central. Além de que não havia mais receio de serem vistos juntos, pois era algo que já não poderia mais ser escondido e nem o desejavam.


Separaram-se quando chegaram na edificação da família do rei, Ellin foi em direção do estábulo para selar um cavalo que seria dado ao koviriano para sua jornada e ele por sua vez seguiu para seu casebre a fim de recolher seus pertences e arrumar as poucas provisões no farnel que lhe fora cedido. Assim que terminou foi ao encontro da elfa que já o esperava com o animal devidamente preparado para sua partida. E para sua surpresa ela o havia equipado com um alforje aparentando estar bem preenchido. A princesa mostrou-lhe o conteúdo, alguns saquinhos de tecido devidamente identificados com o nome de cada erva que continha dentro e explicou-lhe para o que cada uma serviria. Também tratou de arranjar-lhe uma lâmina, sabendo que Doretarf necessitaria cedo ou tarde.


— Não é das melhores, mas com certeza lhe ajudará quando precisar — revelou a loira entregando-lhe uma espada curta embainhada.


— É mais que o suficiente e com certeza irá me ajudar. Obrigado por preocupar-se comigo — agradeceu ele já afivelando a bainha a cintura.


— Como poderia não preocupar-me? A jornada que trilhará até seu objetivo será muito perigosa, o mínimo que posso fazer é dar-lhe meios de lidar com pelo menos alguns dos percalços que terá de enfrentar no percurso, meu Doretarf...


O príncipe abraçou-a ternamente, levantando-a alguns centímetros do chão e lhe afagou as madeixas aloiradas. Ellinfirwen retribuiu o abraço com a mesma intensidade e beijou-o com candura, desejando intensamente em seu íntimo que o tempo parasse exatamente naquele momento, no entanto, precisava aceitar que por mais que não quisesse teria de vê-lo partir por tempo indeterminado.


— Eu tenho um presente. É modesto, mas é de coração — revelou o príncipe descendo-a cuidadosamente de seus braços. Retirou do bolso uma pulseira de couro adornada com um pingente de madeira com o brasão de sua família, uma roda de leme entalhada. Lembrou-se do conselho de Triss a respeito dos adereços poderem ser rastreados por Terorah, mas não preocupou-se, pois tinha feito a pulseira durante sua estadia nas montanhas especialmente para sua amada. — Para lembrar-se de mim enquanto estivermos separados...


A princesa ficou sem palavras e sorriu puramente admirando o objeto simplório aos olhos de qualquer um, mas que para ela possuía grande valor. O koviriano pegou um de seus pulsos e amarrou a pulseira, depositando um carinhoso beijo no dorso de sua mão por fim.


— Neste caso... — Ellin retirou seu colar de prata, joia esta que Doretarf notou que a mesma nunca retirava de seu pescoço desde que a conheceu, no medalhão havia uma gravura de um carvalho. Estendeu-o ao moreno que pegou-o tateando o relevo brevemente.


— Não sei se posso aceitar, imagino que tenha um grande valor sentimental para você.


— Está tudo bem, é meu para dá-lo a quem eu quiser. Apenas aceite... — pediu fechando a mão dele sobre o colar para que não rejeitasse o presente. — Para não esquecer-se de mim...


Ele então pendurou-o no pescoço e reivindicou os lábios dela em um beijo terno, mas não menos intenso, enquanto a envolvia em seus braços uma última vez.


— Nem se eu quisesse seria capaz... — declarou recostando suas testas. — Voltarei para seus braços quanto antes possível, Ellin. Eu prometo.


— Aé esse here feitheamh aep taedh... (Estarei aqui lhe esperando...) — murmurou ao pé do ouvido dele, no idioma élfico Hen Llinge. Mesmo que não pudesse ter certeza sobre sua própria promessa, ainda assim era algo que depositava fervorosamente sua fé.


— Gostaria de despedir-me devidamente de vosso pai, irmão e dos demais, porém devido o festival ter rendido muitos bêbados que certamente não despertarão antes da metade do dia, infelizmente não poderei esperar...


— Não se preocupe, transmitirei seus agradecimentos e despedida a meu pai e aos outros.


Doretarf assentiu com um aceno de cabeça e um débil sorriso. Gostaria de despedir-se de Cerys também, porém como sabia que provavelmente não se veriam no dia após o festival, garantiu sua despedida à skelligana durante a celebração. Ele então desvencilhou-se com certa resistência das mãos de sua amada, montou no cavalo e seguiu rumo aos portões do forte sem olhar para trás. Queria fitá-la uma última vez, porém não o fez, pois sabia que só aumentaria sua angústia e saudade. A princesa acarinhava inconscientemente a pulseira enquanto observava-o com pesar desaparecer a medida que distanciava-se.



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Autor(a): bianav

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